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IBGE dá início a preparação para o Censo 2022

Começa nesta segunda-feira (20), a primeira ação externa de preparação para o Censo Demográfico de 2022 – a Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios.

Ao todo, 22.745 agentes censitários darão início a coleta de informações nas áreas urbanas de todo país para identificar avenidas e ruas e avaliar as recentes atualizações do mapa urbano.

Os quesitos observados servirão de subsídio para políticas públicas de saneamento básico, mobilidade urbana, inclusão social, segurança pública e meio ambiente, entre outros temas.

Nesta fase, não serão feitas entrevistas, apenas a coleta das informações por observação.

Até o dia 12 de julho, os agentes vão visitar 326.643 setores censitários, nos 5.570 municípios brasileiros.

Essa é a primeira vez que a pesquisa urbanística vai abranger todas as ocupações irregulares localizadas nas áreas urbanas.

Além disso, o IBGE irá uma nova metodologia para fazer a identificação do percurso em áreas de difícil acesso e sem sinal de GPS.

De acordo com o Instituto, a pesquisa observa dez quesitos: capacidade da via, pavimentação da via, bueiro/boca de Lobo, iluminação pública, ponto de ônibus/van, via sinalizada para bicicletas, existência de calçada, obstáculo na calçada, rampa para cadeirante e arborização.

Três deles foram incluídos no levantamento: ponto de ônibus/van, via sinalizada para bicicletas e obstáculo na calçada.

A previsão é de que as entrevistas para confecção do Censo 2022 comecem no dia 1º de agosto. O IBGE ainda aguarda a decisão de um recurso judicial sobre a inclusão no questionário das perguntas sobre a orientação sexual / identidade de gênero.

O órgão afirmou que pode haver atraso no início da coleta dos dados, caso a Justiça determine a inclusão desses quesitos.

Além disso, o Instituto afirma que haveria um severo impacto financeiro, especialmente se houvesse mudança metodológica, ou seja, caso as perguntas tenham que ser respondidas individualmente – exigindo que as informações sejam coletadas com a própria pessoa – o que, de acordo com o órgão, aumentaria a necessidade de revisitas, correndo o risco de inviabilizar a operação censitária.

O cientista político Geraldo Tadeu coordenador do Centro Brasileiro de Estudos e Pesquisas sobre a Democracia (Cebrad), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), discorda do posicionamento do IBGE e afirma que tecnicamente é viável a inclusão das pelo menos duas questões, já que o questionário possui apenas 26 perguntas.

Além disso, para o pesquisador também não haveria impacto financeiro já que os questionários são todos eletrônicos.

O cientista político ressalta ainda que o Censo é única pesquisa em que se é possível ter a dimensão do tamanho da população LGBTQIA+, uma vez que todos os domicílios brasileiros são visitados. Já em outras pesquisas realizadas pelo próprio instituto como PNAD, PNS e POF o campo de análise é amostral.

Já a pesquisadora em Informações Geográficas e Estatísticas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE), Angelita Carvalho, defende a inserção da pergunta sobre orientação sexual / identidade de gênero, no questionário do Censo 2022, mas acredita que não haja tempo hábil e recursos para isso.

Para a pesquisadora, os cortes no orçamento para realização do Censo impactaram na confecção do questionário, que teve que ser reduzido.

O Censo Demográfico deveria ter ocorrido em 2020, cumprindo a legislação brasileira que define a realização a cada 10 anos, mas devido a pandemia teve que ser adiado.

O orçamento para realização do Censo Demográfico 2022 foi aprovado e sancionado no valor de R$ 2.292.957.087,00.

Segundo o IBGE. estima-se que 215 milhões de habitantes, em mais de 70 milhões de domicílios, sejam visitados pelos recenseadores nos 5.570 municípios do país.

O Censo revelará as características dos domicílios, identificação étnico-racial, nupcialidade, núcleo familiar, fecundidade, religião ou culto, deficiência, migração interna ou internacional, educação, deslocamento para estudo, trabalho e rendimento, deslocamento para trabalho, mortalidade e autismo.

Realizada a cada dez anos, a pesquisa é a principal fonte de referência sobre as condições de vida da população em todos os municípios do país.

Dylan Smith
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