A Inteligência Artificial (IA) tem se tornado uma forte aliada dos professores em diversos aspectos, transformando a maneira como eles ensinam e como os alunos aprendem. A tecnologia oferece uma variedade de ferramentas e recursos que podem melhorar significativamente o processo educacional.
Personalização do ensino
De acordo com Débora Garofalo, professora, consultora e diretora de Inovação da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, considerada uma das 10 melhores professoras do mundo pelo global teacher prize, Nobel da Educação, a inteligência artificial pode ajudar os professores de diversas formas. Ela pode, por exemplo, auxiliar na personalização do ensino, adaptando o conteúdo e a metodologia de acordo com as necessidades e características de cada aluno.
Além disso, a IA pode facilitar a correção de provas e trabalhos, poupando tempo e permitindo que os professores se concentrem em atividades mais interativas e de acompanhamento individualizado. “Também é possível utilizar a IA para identificar padrões de aprendizagem e detectar dificuldades específicas dos alunos, permitindo intervenções mais precisas e eficientes. O importante é pautar sempre o uso no pilar da educação midiática, visando ética e ações responsivas, perante esses novos tempos”.
Inteligência Artificial para pesquisas e busca por informações
Victor Kraide Corte Real, professor de Design Digital da PUC, afirma que na sala de aula a inteligência artificial pode ser uma grande aliada para compilar respostas e otimizar processos de pesquisa, busca por informações e levantamento de dados.
“Porém, algo que temos discutido muito nas reuniões é a importância de trabalhar a inteligência natural humana no sentido de dirigir a máquina e fazer perguntas com qualidade”, enfatiza.
Em outras palavras, diz o professor, podemos afirmar que fazer uma pergunta limitada para uma inteligência artificial certamente trará resultados também limitados, mas se a pessoa tiver um senso crítico bem desenvolvido, poderá em conjunto com a inteligência artificial obter respostas incríveis e inovadoras para os desafios contemporâneos.
Chatbot como aliado do ensino
Os educadores também podem usar a inteligência artificial de diversas maneiras para melhorar as aulas. De acordo com Débora, podem utilizar chatbots para responder dúvidas dos alunos de forma rápida e eficiente, permitindo um suporte constante mesmo fora do horário das aulas.
Além disso, podem utilizar sistemas de recomendação baseados em IA para sugerir materiais complementares e atividades personalizadas de acordo com o perfil e o desempenho de cada aluno.
A IA também pode ser utilizada na análise de dados e na geração de relatórios, fornecendo informações importantes sobre o progresso dos alunos e permitindo uma avaliação mais precisa e individualizada.
Ferramentas de inteligência artificial
Atualmente, existem diversas ferramentas baseadas em inteligência artificial que podem ser utilizadas por educadores. Uma delas é o uso de sistemas de reconhecimento de voz e processamento de linguagem natural, que permitem a criação de chatbots e assistentes virtuais para auxiliar os alunos, explica Débora.
Também existem plataformas de ensino adaptativo que utilizam algoritmos de inteligência artificial para personalizar o conteúdo de acordo com as necessidades de cada aluno. Outra ferramenta, segundo Débora, é a análise de dados, que utiliza técnicas de IA para identificar padrões de aprendizagem e detectar dificuldades dos alunos.
“Essas ferramentas funcionam através do processamento de grandes volumes de dados e da aplicação de algoritmos de aprendizado de máquina e redes neurais para realizar tarefas como reconhecimento de padrões, recomendação de conteúdo e análise preditiva”, explica a diretora de Inovação da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro.
Impactos da inteligência artificial na aprendizagem inclusiva
Segundo Victor Kraide Corte Real, professor de Design Digital da PUC, há muita expectativa no sentido da inteligência artificial auxiliar na construção de ambientes mais inclusivos e proporcionar adaptações de acordo com as necessidades e as características de cada estudante, cada escola e cada cenário educacional.
No entanto, afirma, o dilema esbarra na questão do investimento financeiro que as instituições de ensino podem oferecer, pois existem realidades muitos distintas de uma escola para outra.
“Neste sentido, o abismo tecnológico decorrente de questões econômicas pode distanciar ainda mais quem tem mais recursos, daqueles que tem menos”.
Para que os professores e gestores escolares possam aproveitar ao máximo o potencial da inteligência artificial no ambiente educacional, é essencial desenvolver um conjunto específico de habilidades e competências.
Em primeiro lugar, de acordo com o professor da PUC, é importante superar qualquer receio ou resistência diante do avanço tecnológico, incluindo a presença da inteligência artificial em nossas vidas. Uma mentalidade aberta e receptiva é fundamental para explorar as oportunidades que essa tecnologia oferece na educação.
Uma vez superadas as barreiras iniciais, Victor diz ser necessário focar no desenvolvimento de habilidades que permitam aproveitar plenamente os benefícios da inteligência artificial. Um aspecto fundamental é a capacidade de formular e incentivar perguntas de qualidade.
“Os educadores devem ser capazes de orientar os alunos na formulação de questões relevantes e significativas, incentivando o pensamento crítico e a investigação. Isso implica não se contentar com respostas superficiais ou soluções fáceis para os problemas educacionais e contemporâneos”, conclui o professor.