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Chuvas no RJ deram prejuízo de R$ 2,9 bilhões em cinco anos

Dois dias depois do forte temporal que atingiu a Baixada Fluminense e parte da Zona Norte do Rio, moradores de vários bairros de Duque de Caxias ainda sofriam ontem com os alagamentos e a falta de luz. Era o caso de Edilane Araújo, de 39 anos, moradora do Pilar. Sem energia, ela não pode acionar a bomba para retirar a água de dentro de casa assim como manter sob refrigeração a medicação do filho que tem hemofilia. Já o governo do estado conseguiu duas grandes bombas emprestadas com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e com a concessionária Rio Águas para ajudar a escoar a água das ruas.

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Estado de emergência
Transtornos como esses são quase uma rotina no estado. Um levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), divulgado ontem pelo programa CBN Rio da Rádio CBN, mostra que em cinco anos (2019-2023) o estado registrou R$ 2,9 bilhões em prejuízos materiais — incluídos gastos públicos e privados — causados pelas chuvas. O pior são as vidas perdidas: 316.

Nada menos que 3,8 milhões de pessoas (mais de 20% da população total) foram afetadas de alguma forma pelos temporais. Nessa conta, estão desde vítimas que morreram ou perderam suas casas a trabalhadores que tiveram dificuldades para voltar para casa durante as fortes chuvas.

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Com a infraestrutura comprometida, os municípios são obrigados a fazer contratações de emergência sem licitação, para realizar intervenções pontuais que não podem esperar pela conclusão de uma licitação tradicional, como no caso de obras de contenção de encostas. Para isso, os prefeitos precisam decretar estado de emergência, que tem que ser confirmado pela União. O estudo da CNM mostra que, em cinco anos, as 92 cidades fluminenses recorreram a essa medida 530 vezes.

Os R$ 2,9 bilhões de prejuízo, por exemplo, equivalem a quase três vezes mais que o custo das obras contra o transbordamento do Rio Acari, na Zona Norte, que a prefeitura quer fazer, mas que depende de recursos federais. Os dados sobre o impacto das chuvas em todo o país devem ser compilados pela CNM até março. Eles vão servir para que os prefeitos apresentem demandas à União por investimentos em infraestrutura.

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A confederação explicou que, nesse estudo, faz as estimativas com base numa série de dados captados nas fontes, principalmente órgãos públicos. No caso dos prejuízos econômicos, eles são subdivididos em três. O primeiro se refere aos gastos públicos com obras emergenciais, como de contenção de encostas, horas extras de garis, mobilização de equipamentos para remoção de entulho, entre outros serviços. No período pesquisado, essas despesas somaram R$ 786,5 milhões. O pico de gastos ocorreu em 2022, quando as chuvas deixaram 241 mortos em Petrópolis, na Região Serrana.

Os prejuízos sofridos com a perda de moradias ou danos às residências geraram um prejuízo acumulado de R$ 1,1 bilhão em recursos privados. Nos dados que serão reunidos a partir de 2024, entrarão casos como a da família de Yasmin Castro, de 23 anos, moradora de Parada de Lucas. Casada, com três filhos, ela perdeu tudo nas chuvas do fim de semana. Pelas redes sociais, a família pede doações para tentar retomar a vida.

— Quando meu marido acordou, viu o tamanho do estrago e me chamou. A água já chegava à altura do colchão. Só deu tempo de pegar os documentos e as crianças — disse Yasmin.

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A terceira parte do estudo estimou em R$ 988,4 milhões as perdas do setor privado em consequência das chuvas. A CNM costuma levantar esses dados junto às prefeituras e associações comerciais locais. Essa estimativa leva em conta o faturamento médio do comércio local, o tempo que ele precisou ficar fechado por causa dos alagamentos no entorno e se o proprietário precisou ou não repor as mercadorias para retomar a rotina das vendas. As perdas maiores foram em 2022: total de R$ 706 milhões.

As últimas chuvas deixaram 12 mortos, e os bombeiros continuam as buscas por duas pessoas desaparecidas.

Dylan Smith
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