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Choque e dúvida no túnel: o salto da ambulância no Rio e seus desdobramentos

Na tarde de sábado, um episódio inusitado chamou atenção no trânsito do Rio de Janeiro quando um paciente, em meio a uma transferência médica, saltou de uma ambulância em movimento. O veículo seguia pelo túnel Zuzu Angel, quando o homem de 47 anos conseguiu destravar a porta traseira e pular para fora, numa clara tentativa de fuga. Logo após o salto, ele caiu na pista, sendo visto por motoristas e um motociclista que passava pelo local, que permaneceu ao lado da vítima até que a ambulância voltasse para buscá-lo.

O homem era usuário de drogas e estava sendo transferido de uma unidade de pronto atendimento para um centro de atenção psicossocial. A situação expõe fragilidades no transporte de pacientes, especialmente quando há histórico de dependência química ou risco de fuga. As normas de segurança em ambulâncias visam justamente prevenir esse tipo de incidente, mas o caso mostra que falhas humanas ou de contenção ainda podem colocar em risco tanto o paciente quanto terceiros.

Imagens captadas por quem passava pelo local mostram o paciente deitado no chão. A ambulância retornou ao local poucos minutos depois para resgatá-lo, e a equipe conseguiu contê-lo e levá-lo novamente ao veículo. Mesmo depois de chegar à unidade destino, ele, aparentemente, não esperou por alta médica: trocou de roupa, tomou banho e, algumas horas depois, deixou o estabelecimento por conta própria.

O caso reacende questionamentos sobre protocolos de segurança em serviços de transporte de pacientes vulneráveis. A fragilidade de travas ou contenção, o uso de cintos de segurança, a supervisão constante de socorristas e, sobretudo, de abordagens que considerem o perfil psicológico de quem está sendo transportado são pontos que merecem atenção redobrada. A saúde pública e os serviços de emergência têm o dever de garantir segurança para o paciente e para a sociedade.

Além dos aspectos operacionais, há um debate sobre a responsabilidade institucional. A unidade que solicitou a transferência, o serviço de transporte e os profissionais envolvidos devem responder por garantir condições seguras durante todo o trajeto. A sociedade demanda transparência e clareza sobre como esses transportes são efetuados e como se pensa a segurança de pacientes em vulnerabilidade.

Também vale destacar o impacto desse tipo de incidente na imagem dos serviços públicos de saúde. Afinal, um episódio de fuga ou de risco de fuga com exposição pública — em túnel movimentado e filmado por terceiros — tende a gerar desconfiança, dar margem a questionamentos sociais e chamar a atenção para deficiências estruturais.

Em contrapartida, serviu como alerta para a importância de revisão de processos internos. A adoção de estratégias como escolta médica, contenção segura, uso de equipamentos adequados e protocolos de avaliação de risco pode evitar novos casos similares. Para quem lida com transporte de pacientes psiquiátricos ou dependentes químicos, cada detalhe — do preparo da equipe até o fechamento correto das portas — faz diferença.

Esse episódio no Rio reforça a urgência de melhorar os protocolos de transferência de pacientes vulneráveis, garantindo mais segurança a todos envolvidos. Que as lições desse caso promovam ajustes concretos nos procedimentos de saúde e emergência para evitar que algo semelhante volte a ocorrer.

Autor: Dylan Smith

Dylan Smith
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